Tatuagem pode barrar emprego


Segmentos de perfil conservador e peso do cargo almejado influem na aceitação dessa forma de expressão pessoal

por JEANETTE SANTOS

Já faz algum tempo que a sociedade deixou de encarar as pessoas com tatuagens ou piercings como integrantes de grupos marginais ou de contestação. Moda ou estilo, as marcas que passaram a compor o visual no século XXI acabaram incorporadas ao cotidiano, sendo absorvidas inclusive pelo exigente mercado de trabalho. Essa mudança de comportamento, que preza muito mais a competência e o talento do que a “embalagem”, encontra respaldo, entretanto, no bom senso.

Boa apresentação, afirmam consultores em recursos humanos, continua fazendo a diferença no processo de seleção de emprego. A primeira impressão, lembram os especialistas, é a que fica para os que selecionam os candidatos. Discrição é, portanto, a recomendação para quem quer conquistar um lugar ao sol sem abrir mão do jeito de ser. Quanto mais formal a área de atuação, menor o espaço para o alternativo. Ou seja, apesar de o preconceito e a discriminação estarem cada vez mais fora de moda, as empresas são estruturadas segundo padrões. E, para quem quer ingressar em uma instituição, não há como fugir deles.

Quanto mais formal o segmento, como por exemplo, instituições financeiras, escritórios e hospitais, mais explícitas são as restrições. No caso de piercings, até que se conheçam os códigos que regem a instituição, o melhor a fazer é retirá-los durante a entrevista e, se for o caso, depois de admitido, durante o expediente. “Já as tatuagens, se estiverem em local visível, nuca, braços ou pernas, é melhor não exibi-las, usando uma blusa de gola alta e mangas compridas”, orienta Adriana Evangelista, assistente de gestão em políticas públicas do Sistema Nacional de Emprego (Sine).

“Se questionado pelo entrevistador se possui, também não vale mentir”, completa. Segundo ela, o constrangimento de ser “pêgo” durante o exame médico pode ser mais angustiante. Nas palestras que costuma fazer orientando os candidatos em busca de colocação no mercado de trabalho, a especialista destaca ainda a importância de se apresentar da maneira mais formal possível nessas ocasiões. Cabelos cortados, alinhados, unhas bem feitas, opção por roupas sociais, evitando o uso de decotes e jeans, principalmente os rasgados.

“O candidato tem que ter em mente que está participando de uma entrevista de emprego e não vestido para uma festa. Portanto, não cabe exageros em adereços nem no perfume”, enfatiza. “No mundo corporativo, a aparência física e o controle emocional são muito importantes. Uma imagem inadequada pode produzir impacto negativo que, por melhor que seja o curriculum, não há como o candidato reverter”, pondera o professor da Ibmec Adão Ladeira, consultor de gestão de pessoas.

“A colocação desse tipo de adereço (piercing e tatuagem) é pessoal, independente do projeto de carreira. Mas quem faz tem que assumir e sustentar essa escolha não só para o mundo do trabalho”, defende a diretora Lizete Araújo, do Grupo Catho Consultoria em Recursos Humanos. No seu entendimento, como forma de linguagem, a exibição de uma tatuagem no trabalho, além do segmento e perfil da empresa, depende do cargo que a pessoa ocupa. “Quando se trata de um ambiente conservador e a pessoa ocupa um cargo estratégico, é agressivo”, diz. Em ambientes mais permissivos e informais, como áreas de criação, elas são assimiladas mais facilmente.

Fonte: www.otempo.com.br

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